quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Revoluções Silenciosas -> As Escolas Municipais do Campo em Araraquara.

Continuação da série "Revoluções Silenciosas".
.
O município de Araraquara, no estado de São Paulo, é um dos lugares onde se observa que é possível fazer educação no campo ao redor de assentamentos, de forma responsável em nosso Brasil (com todas as inúmeras limitações noticiadas no cotidiano). As Escolas Municipais do Campo - Hermínio Pagotto (Assentamento Bela Vista), Eugênio Trovatti (Bueno de Andrada), e Maria de Lourdes da Silva Prado (Assentamento Monte Alegre) são exemplos de ações públicas inovadoras que vêm revolucionando silenciosamente a gestão pública no Brasil.

Para o coordenador executivo da Secretaria Municipal de Educação “As três escolas do campo estão equipadas, resolvidas e avançando cada dia mais nas questões pedagógicas. As escolas já atingiram um ponto, onde têm uma estrutura física completa, quadro de funcionários completo, participação efetiva na comunidade escolar da cidade, com alunos premiados em olimpíadas e concursos. Realmente, as escolas são um exemplo para o Brasil e para tantos que não acreditam que, nos pontos mais remotos desta cidade, podemos ter uma educação de qualidade”.
A Diretora da Escola Municipal Hermínio Pagotto (Assentamento Bela Vista) comentou que "Existe uma história de luta para chegar onde chegamos. Existe uma história de dedicação de cada um que faz parte do passado e do presente da nossa escola. Compromisso, fraternidade e o nosso laço forte com a terra, fazem a nossa Escola tão especial com crianças e jovens tão especiais e dedicados".
Essa é uma ação pública que vale a pena conhecer, visitar e aprender como se faz um Brasil diferente!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Revoluções Silenciosas -> Projeto Bibliotecas Comunitárias

Hoje o nosso BLOG inaugura a série "Revoluções Silenciosas". Trata-se de um conjunto de matérias que apresenta exemplos de ações públicas (aparentemente invisíveis para a maioria da sociedade) que podem trazer bons resultados para a sociedade mais pobre, tanto em centros urbanos, quanto em centros rurais, em pequenos, médios e grandes municípios brasileiros. Para este ciclo de matérias entende-se que a pobreza não está somente relacionada com as questões econômicas, mas ligada (também) a falta de eficiência do Estado em gerenciar políticas públicas que possam se conectar com as demandas da sociedade.

A primeira matéria foi escrita por Lara Simielle que apresenta o projeto Bibliotecas Comunitárias.

Por Lara Simielle*

Projeto Bibliotecas Comunitárias

O Instituto Ecofuturo, por meio do Programa Ler é Preciso, realiza o projeto das Bibliotecas Comunitárias, em parceria com a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Este projeto visa incentivar e fortalecer a articulação entre os atores sociais das comunidades a partir de suas participações na implementação do projeto. Atualmente, 75 Bibliotecas Comunitárias Ler é Preciso foram implantadas, em sete estados, atendendo a um público estimado de 825 usuários/mês em cada biblioteca. Entre os patrocinadores estão: Avon, CSN, CRVD, FCA, Holcim, Philips, Politeno, Suzano Petroquímica, Suzano Papel e Celulose, Oi Futuro, JHSF, Telefônica e Satipel.

As Bibliotecas são implantadas, prioritariamente, em locais com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), altos indicadores de violência, e que possibilitem o estabelecimento de parcerias, preferencialmente dentro de escolas públicas, com a contrapartida de que sejam abertas à comunidade. O projeto oferece acervo de mil títulos, sendo 30% do acervo decidido junto com a comunidade, equipamento de micro-informática para gestão do acervo e cursos de formação para agentes promotores de leitura e auxiliares de biblioteca (80% formado por professores), com o objetivo de disponibilizar conhecimento para a organização e para a implementação de ações que promovam a leitura e tornam a biblioteca viva.

Neste ano serão implantadas 10 bibliotecas, uma delas em Belterra, no Pará, em parceria com o Programa Saúde e Alegria.

.

* Lara é Mestra em Administração Pública e Governo pela FGV-EAESP e atualmente trabalha no Instituto Ecofuturo, no Projeto Bibliotecas Comunitárias do Programa Ler é Preciso. Para saber mais clique aqui.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Reação de Hugo na Venezuela!

Pessoal, os últimos acontecimentos envolvendo o Presidente venezuelano Hugo Chaves não poderia deixar de ser comentado aqui. Procuramos o Prof. Marco Antonio Carvalho Teixeira*, um dos mais renomados Cientistas Políticos do Brasil, que com exclusividade para o nosso Blog comentou o fato:
.
"A expulsão de representantes da ONG de direitos humanos Human Rights Watch do território venezuelano revela não apenas a já conhecida dificuldade de Hugo Chavez em conviver com eventuais críticas dirigidas ao seu governo, como também pode representar um novo obstáculo para a ação das entidades que se articulam na cooperação internacional em defesa dos direitos humanos, sobretudo se governantes de outros países resolverem seguir o receituário chavista. Convêm lembrar que a Human Rights Watch realiza esse mesmo trabalho em diversos países e que inclusive já denunciou o Brasil por violação aos direitos humanos, o que descaracteriza uma suposta armação do ´imperialismo norte-americano´ como quer fazer crer o governo da Venezuela".
Você já refletiu sobre isso?
Um abraço,
Editor
.
.
* Marco Antonio Carvalho Teixeira é Professor da Fundação Getúlio Vargas da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV-EAESP) e Doutor em Ciência Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).

domingo, 13 de abril de 2008

Células Tronco e a raiz da questão!

Por Júlia Rodrigues*
Para muitos a utilização das células tronco em tratamentos é a única esperança que há para a cura de doenças, tais como mal de Parkinson e problemas na medula espinhal. Já para outros, o uso de células originárias de embriões significa privar o embrião do direito à vida, ou seja, matá-lo antes mesmo que ganhe vida.

Não há nenhuma questão antiética em fazer pesquisas com fetos, se é que posso chamá-los assim. Alguns cientistas e religiosos defendem a tese que a vida começa na fecundação, e por isso o Superior Tribunal Federal deveria barrar a Lei de Biossegurança, aprovada pelo Congresso em 2005, a qual garante que embriões congelados há mais de três anos, com autorização dos pais, podem ser estudados pelos pesquisadores.

Essa idéia de que a vida começa na fecundação é completamente infundada, se baseada na teoria que a vida humana só é considerada quando há atividade cerebral, mas o embrião só passa a ter o cérebro ativo com mais de catorze dias de vida. Sem contar que o material em questão jamais terá alguma chance de viver, uma vez que já estão congelados há muito tempo, se não utilizados em estudos e provavelmente serão jogados no lixo.

Jogar no lixo a única esperança de curar algumas doenças não será uma atitude ética. Diversos países já adotam esse meio de tratamento. Por que não o Brasil? Caso o STF desaprove a Lei da Biossegurança, só a elite terá acesso ao tratamento e, conseqüentemente à cura, pois é certo que procurarão tratamento no exterior. Em um país onde as condições de saúde não são das melhores, temos que nos agarrar a oportunidade que temos de fazer esse setor tornar-se democrático.

Não há a menor dúvida de que, mais uma vez, a igreja queira interferir em questões de suma importância governamental e populacional. Com todo respeito aos religiosos, mas já saímos da Inquisição faz tempo. Imaginem se a camisinha fosse proibida como a igreja queria? Provavelmente viveríamos em uma geração de aidéticos e outras tantas doenças sexualmente transmissíveis. Infelizmente, ainda hoje, a ciência é vista como inimiga da religião. Ambas deveriam andar de mãos dadas, a ciência revolucionando para que a vida humana seja melhor, e a igreja instruindo os fiéis como tirar melhor proveito disso.

Até quando continuaremos privando pessoas de levarem uma vida normal, por questões até então morais, mas que por outro lado já passaram a ser imorais faz tempo? Se Deus deu a sabedoria ao homem, por que não utilizá-la?
O STF deverá votar essa Lei em breve. Que Deus ilumine a cabeça dos nossos ministros!
*Júlia Rodrigues tem 18 anos e é estudante do 3º semestre de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo e, também, é estagiária de jornalismo da Fundação Getúlio Vargas.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Políticas de conservação da natureza: quem é quem?

Por Ariadne Peres*

Em Resgatando a Natureza, Marcus Colcherster escreve sobre a legitimação dos direitos consuetudináros em unidades de conservação (UC). Iniciando relata que mesmo com o conhecimento científico e a ação de entidades conservacionistas, ainda permanece a idéia da natureza separada da humanidade. No passado, a natureza era vista como o mal, a brutalidade da qual a civilização deveria se apartar. Contudo, esta percepção mudou. A natureza passou a ser o mundo não corrompido pelo homem civilizado. O homem selvagem, o homem não maligno, imaculado, não corrompido pelo homem branco. A natureza passou a ser o refúgio, o resgate da condição não corrompida, escape para os males da civilização, para recreação do espírito humano. Criaram-se então os parques nacionais que vieram a influenciar os padrões globais de conservação, defendidos então pelos chamados conservacionistas. O mundo selvagem passou a ser reverenciado como refúgio da biodiversidade que precisava ser preservada na qual o ser humano não era incluso, mas era o seu principal algoz. Nesta concepção, surgiram UC para manter o ser humano impactante longe da biodiversidade a ser preservada. Nestas áreas as populações residentes eram forçosamente retiradas, reforçando desigualdades sociais, furtando seu direito de propriedade bem como dos saberes vivenciados naquele ambiente. As áreas protegidas impuseram visões de elite sobre o uso da terra que resultaram na alienação das terras comunais em favor do Estado. A visão conservacionista pretensiosa era a de hegemonia ocidental, desrespeitando outras construções culturais por outros povos, que possuíam visões bem diferentes de relação com a natureza. A construção histórica de uma população está relacionada com a sua interação na paisagem, na natureza. Os conservacionistas começaram então a perceber que os planos de manejo ambiental não dariam certo se as dimensões sociais fossem ignoradas e marginalizadas. As políticas de conservação até então eram introduzidas por pessoas de fora e legitimadas em alianças com o Estado.
Muitos têm argumentado que as sociedades tradicionais (Índios, Quilombos, ribeirinhos, etc.) vivem em plena harmonia com o seu ambiente, e por isso detêm as melhores formas de manejo dos recursos presentes. Este argumento inclusive é usado pelas próprias comunidades para resguardarem seus direitos. Mas é um equivoco achar que elas detêm uma ética conservacionista ou que o manejo por elas impetrados jamais degradarão o meio. Até porque tais comunidades com o passar do tempo absorvem novas tecnologias, o que altera suas relações com o meio em vários aspectos. As comunidades tradicionais possuem regras e costumes que muitas vezes são bem diferenciados daqueles que compõe o universo conservacionista. Assim pesquisadores precisam assessorar ações de manejo em áreas onde estas populações estão assentadas, mas jamais substituí-las em suas decisões. Auxiliar na organização das mesmas e no sentido de constituírem uma autoridade central que dialogue com instituições externas.
Poderia discorrer muito mais no pensamento de Colcherster, porém finalizando prefiro deixar algumas inconclusões... no dialogo com populações tradicionais, seria então uma batalha a busca de um consenso pois, em beneficio de quem os recursos devem ser conservados?Quem terá o poder de contestação?Quem teria a autoridade de manejar de forma prudente e em beneficio das gerações futuras?


* Ariadne Peres tem Mestrado em Zoologia pela Universidade Federal do Pará (1999) com área de concentração em Ecologia. Atualmente cursa o Doutorado em Ciências Sociais (Antropologia). É professora Assistente II da Universidade Federal do Pará. Tem experiência na área de Ecologia. Atua principalmente nos seguintes temas: antropologia (populações humanas em unidades de conservação), educação ambiental, ecologia, educação (formação inicial e continuada) dentro da tríade ensino,pesquisa e extensão. Coordena o Grupo de Pesquisas e Estudos de Ed. Ambiental (NPADC/UFPA)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O lado bom da Desigualdade Econômica: será o diabo tão feio quanto se pinta? (Parte 2)

Por Sergio Luiz de Moraes Pinto*(Para ver a primeira parte clique aqui)

No artigo anterior comecei a debater se a desigualdade na distribuição de renda é tão ruim quanto se imagina, apresentando o caso de um país que na luta pela igualdade criou uma economia ineficiente, com baixíssima produtividade do trabalhador. Como alguém poderia argumentar que este país era originalmente pobre, vou então discutir a igualdade de renda em um país rico.

Neste país os trabalhadores de alta renda são fortemente tributados, e o Estado, realmente compromissado com a igualdade, distribui esta renda sob a forma de serviços, como educação, saúde, programas de complementação de renda, seguro desemprego e tudo mais que um welfare state exemplar deve fazer. Os muito ricos podem chegar a ser tributados em 95% de suas rendas (Clique aqui e conheça o caso de uma escritora cuja alíquota de imposto certo ano chegou a 102% !!!). O valor arrecadado desta camada muito rica é distribuído socialmente, por exemplo, entre desempregados, inclusive para os que não conseguem se adaptar a exercer qualquer tipo de trabalho, e preferem ficar surfando na Espanha. Logicamente nem todas as formigas querem sustentar cigarras, e acabam imigrando para paises menos vorazes.
Mas, neste nosso processo de pensarmos sociedades com diferentes comportamentos em relação à desigualdade, não podemos nos furtar de imaginar um terceiro país.
Este novo país, tropical e abençoado por Deus, tem uma renda per capita média-alta, mas fortemente concentrada nos 5% mais ricos de sua população. O Estado, voraz fiscalmente, tributa igualmente o pobre e o rico, e tem um esquema pífio de distribuição. Os serviços públicos são de má qualidade, especialmente a educação, saúde e segurança. Os filhos dos mais ricos freqüentam escolas particulares, de melhor qualidade, e são aprovados em universidades públicas, de muito bom nível, às quais os pobres quase não têm acesso. Isto exacerba a desigualdade, e ajuda sua transmissão entre gerações. A alta concentração de renda prejudica o crescimento econômico do país, e dificulta a redução da pobreza. O esgarçamento do tecido social diminui a coesão da sociedade e aumenta a exclusão e a criminalidade. Além de tudo, gera-se um incalculável custo de oportunidade devido ao não aproveitamento do potencial de trabalho de milhões de jovens que constituem a grande massa de desempregados.
Portanto, é o diabo tão feio quanto se pinta?
Muitos autores, principalmente dentro da linha do liberalismo econômico, entre os quais eu destacaria o prêmio Nobel de economia de 1974, Friedrich Hayek, acham que não. Uma sociedade que busque a igualdade a qualquer custo tira o incentivo do cidadão lutar para progredir, podendo prejudicar sua eficiência econômica.
Então, como ficamos?
A desigualdade é para a sociedade como a ambição e a vaidade são para os indivíduos. Uma pessoa extremamente ambiciosa não mede esforços para atingir seus objetivos, prejudicando os que estão ao seu redor e a si mesma. Outra, sem nenhuma ambição, pode ficar o dia todo vendo tevê, só esperando seu Bolsa Família no final do mês. Aquele sem vaidade pode descuidar até de sua higiene pessoal, enquanto o vaidoso demais se torna um narciso.
Uma sociedade sem desigualdade mata o incentivo de trabalhar, enquanto outra, muito desigual, prejudica o desenvolvimento econômico e social do país.Assim, o diabo é tão feio quanto ele o é, nem mais, nem menos. Se adotarmos políticas econômicas equivocadas no afã de resolver a questão da desigualdade, podemos prejudicar a eficiência econômica do país sem resolver a questão social.

O autor é Doutor em Administração Pública e Governo, na área de Finanças Públicas, pela FGV, Mestre em Administração pela FEA-USP, não tem Rolex e nem troca a cachacinha de Januária pelo champanhe Francês.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

O lado bom da Desigualdade Econômica: será o diabo tão feio quanto se pinta? (Parte 1)


Por Sergio Luiz de Moraes Pinto*
(O autor na ilha paradisíaca do Caribe citada no texto)

Quando se fala em desigualdade de distribuição de renda, o primeiro pensamento que nos vem é de um milionário, usando um relógio Rolex, tomando champanhe francês, em contraposição a uma mulher maltrapilha com filhos subnutridos em redor. Se você imaginou o primeiro como sendo um homem branco de meia idade e a segunda, jovem e negra, as pesquisas do IBGE dizem que você acertou.
Mas será a desigualdade tão ruim quanto pensamos? Vou discutir este tema em dois artigos,imaginando diferentes paises, que não nomeio para evitar celeumas apaixonadas que desviariam o debate do tema principal. Mas, qualquer semelhança com paises reais não é mera coincidência. Primeiro, vamos imaginar uma sociedade com pouquíssima desigualdade. Para dourar mais seu sonho, coloque este país em uma paradisíaca ilha do Caribe. As diferenças salariais são muito pequenas, e tanto o médico, o engenheiro e o pesquisador universitário, quanto o faxineiro, o operário e o cortador de cana recebem aproximadamente o mesmo salário, por volta de US$ 25 mensais. É isto mesmo, menos de R$ 50,00 por mês. Todos moram em casas semelhantes, que pertencem ao Estado, para o qual pagam um aluguel entre 1 e 2 dólares mensais. O Estado também propicia educação e assistência médica de boa qualidade para todos. Mais do que isso, o Estado subsidia uma cesta básica para cada família (por US$ 3,00) e o transporte.
Qual o resultado da satisfação obtida pelos trabalhadores deste país, todos bem educados, com uma assistência médica de primeira, moradia, alimentação garantida, e uma excelente distribuição de renda? Uma produtividade no trabalho péssima e uma economia extremamente ineficiente.Ok, vocês vão falar que peguei um país que, antes da implantação do regime político que buscou a maior igualdade possível, já era pobre. E se imaginarmos uma outra sociedade, ricao, onde todos os habitantes são loiros, altos e de olhos claros, como deuses nórdicos? Um welfare state quase perfeito, no qual até os espantalhos dos campos onde se plantam os cereais para fazer aquavit, a cachaça dos povos nórdicos, são bonitos e bem tratados.
No próximo artigo, analisarei se a igualdade é realmente desejada em uma terra de formigas e cigarras, tentando descobrir se o diabo, com ou sem charuto, é feio mesmo, ou apenas pintado como tal.
.
O autor é Doutor em Administração Pública e Governo, na área de Finanças Públicas, pela FGV, Mestre em Administração pela FEA-USP, não tem Rolex e nem troca a cachacinha de Januária pelo champanhe Francês.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Abaixo a educação!

Por Oswaldo Gonçalves Jr*

Na era do reality show, vale tudo pra aparecer. Para os bem sucedidos, um convite pra posar na Playboy ou na GMagazine e no bolso um milhão. Por mais estranho que isso possa parecer, o anseio por aparecer a qualquer custo não está mais restrito ao mundo das futilidades, mas também na imprensa, setor o qual supostamente o conteúdo importa.
Nessa toada, alguns articulistas não têm medido esforços. Em seus artigos escolhem com maestria conexões com recônditos da mentalidade humana, impulsionados por um certo clima de mesmice que paira no cenário nesses tempos de estabilidade nacional. Colocando-se como visionários, dão nova roupagem a dilemas que ainda habitam mentes refratárias que não superaram certos paradigmas, mesmo após o fim da Guerra Fria.
São exemplos de profissionais exímios que circulam pela nossa nada concentrada e democrática mídia de altíssimo nível. São hábeis na arte de confeccionarem artigos escancaradamente tendenciosos e burlescos, que uma rápida aula de filosofia chamaria a atenção para a inexistência de premissas como a dialética e o espírito crítico mais básico.
Falando em aula, Gustavo Ioschpe tem se dedicado a escrever sobre o tema educação nos seus últimos artigos na Revista Veja, vociferando seu ódio contra os professores – segundo ele uma abordagem bastante inovadora – já que estes seriam os grandes responsáveis (culpados), e não vítimas partícipes de uma situação maior, verdadeira tragédia nacional, como todos nós, medíocres, vimos inocentemente acreditando. Fomos e somos apenas manipulados pelo espírito corporativista e pelos sindicatos, assim como a população alemã o fora pelos nazistas e os cubanos o são por Fidel, como nos alerta.
De forma leviana, acusa nas entrelinhas e, se dizendo apenas querer “gerar dúvidas” para que sejam revistas “visões sedimentadas”, subliminarmente sua narrativa conduz o leitor à conclusão que o grande problema da educação é um ato de (má) vontade e, porque não, da personalidade intrinsecamente vil dos professores, sujeitos os quais o auto-interesse se coloca acima dos da nação. Manipula estatísticas, fazendo uso da “matemagia” e explicita seu conhecimento enviesado sobre o tema através de generalizações absurdas e construções inconsistentes.
No entanto, o articulista parece estar bastante estimulado, tamanha a indignação que tem causado, gerando um elevado número de comentários de leitores e internautas (tem conseguido a concordância de alguns também, é bom que se diga...). Ou seja, está chamando a atenção e não me surpreenderia se logo, logo, o articulista aparecesse na capa da GMagazine.
Provavelmente não entendo tão bem a educação nacional quanto Ioschpe. Talvez por isso meu lema atual seja “abaixo a educação!”. Para o bem dos pobres e da nação, torço para que ela saia de moda o quanto antes para que “especialistas em educação”, como se intitula o referido articulista, vão procurar outro tema para entreter as mentes órfãs de Paulo Francis desse país. Disse Montaigne que “os que tentam corrigir os males da nossa época com idéias que estão na moda, só porque estão na moda, corrigem a aparência viciada das coisas, mas não o fundo delas, que piora sempre”. Então, quando todo esse modismo passar, continuarão os mesmos professores “ruins” de sempre, por 30 ou 40 anos lecionando, vendo entrar e sair de cena especialistas, tecnocratas e toda ordem de profissionais titulados que observam a vida pela janela do “planeta do ar-condicionado”.
Em tempo, não se trata de fazer uma defesa ingênua de categorias profissionais como a dos professores. Freqüentei suficientemente “salas de professores” e posso fazer uma lista que superará em muito os argumentos de Ioschpe. Apesar disso, não me privo do direito de esperar que sobre temas tão relevantes se estabeleça um debate digno de ser chamado de “inteligente”.


* Oswaldo Gonçalves Jr., Doutorando em Administração Pública e Governo pela FGV-SP. Ex-professor, hoje leva uma vida luxuosa numa praia paradisíaca do Caribe cercado de belas mulheres e drinks alucinantes. E-mail: osgoju@yahoo.com.br

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Prática da corrupção: ninguém está olhando!

Por Gilberto T. Suzuki*
As pessoas fazem algumas coisas escondidas dos outros. Na ausência dos pais, os filhos aprontam dentro de casa, quando os professores não estão olhando durante a aplicação das provas, alguns alunos “colam”, os ladrões roubam quando não há ninguém dentro de casa ou do automóvel. Nestes casos, a sensação é de que “ ninguém está olhando” e “tudo pode”.
Penso que o mesmo ocorre com a famosa corrupção na política, a idéia é de que “ninguém está olhando”, ou talvez “não acontece nada aqui no Brasil” , a famosa impunidade.
Pergunto: o ideal seria ter sempre a presença dos pais para que os filhos não aprontem? Ter uma polícia mais efetiva nas ruas para que os bandidos não roubem? Os professores devem dobrar a atenção para que os alunos não colem? Deve haver um acompanhamento maior por parte da população e uma política mais severa para punir os corruptos?
Estas alternativas poderiam diminuir estes problemas, entretanto, resolveriam apenas parte do problema, pois o ideal seria que os filhos fossem comportados, que os alunos estudassem para as provas, que houvesse trabalho para todos, que não existissem ladrões e que os políticos fossem honestos por natureza.
Tudo isso são ideais, um pouco ou muito diferente do real. Quando falamos do real, falamos das nossas imperfeições, limitações e quando falamos do ideal, falamos de princípios.
De que forma podemos diminuir a distância entre o real e o ideal? Acredito que primeiro passo consiste na reflexão destes ideais e perceber como estes princípios podem tornar a nossa vida mais justa, o segundo passo depende de cada um de nós, ou seja, de nossas atitudes.
Você poderá sugerir outros passos para diminuir esta distância, escreva!!
*Gilberto Takashi Suzuki é mestrando em Planejamento do Desenvolvimento no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (UFPa-NAEA). Atua como Professor da Universidade da Amazônia (UNAMA) e do Insitututo de Estudos Superiores da Amazônia (IESAM) ambas sediadas em Belém, no estado do Pará. Suzuki também é colunista do site do NEAD-UNAMA. (Clique aqui para ler outros artigos do autor)

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Políticas e ações públicas inovadoras para 2008!

Colegas que acompanham nosso BLOG,

Que tal começarmos 2008 com espírito inovador? Mostraremos, nesse primeiro post, quatro experiências de uma forma diferente de se fazer Gestão Pública com Cidadania. Para os mais chatos e detalhistas, que entendem que público é uma palavra exclusiva do Governo ou do Estado, deixamos claro que o sentido que empregamos aqui é outro, ou seja, palavra que pode abranger prefeituras, sociedade civil organizada, etc. E como isso não é uma tese, mas apenas um humilde espaço jornalístico, vamos ao que interessa:

1 - Plano Municipal Integrado de Segurança Pública (Estado de São Paulo)
Esse plano é desenvolvido pela Prefeitura Municipal de São Carlos e tem por objetivo integrar secretarias e órgãos municipais e estaduais, para melhor aproveitamento dos recursos públicos para combater a violência. Inúmeras ações pontuais e contextualizadas com a realidade local foram realizadas, como a criação de conselhos e modernização de instalações, frotas, equipamentos e iluminação pública. Entretanto, as principais decisões sobre o projeto sempre foram tomadas com a participação da sociedade local.
Informações mais detalhadas sobre o projeto podem ser coletadas na Rua Conde do Pinhal, 2017, no município de São Carlos – SP, ou pelo telefone (0XX16)3362-1045, ou pelo site http://www.saocarlos.sp.gov.br/, ou ainda via e-mail: gabinete@saocarlos.sp.gov.br

2 – Projeto Saúde e Alegria (Estado do Pará)
Trata-se de uma Organização Não Governamental (ONG) que atua em comunidades ribeirinhas, desde 1987, com o objetivo de trabalhar o desenvolvimento comunitário integrado e sustentável dos povos das águas atuando na área de saúde preventiva, organização comunitária, geração de renda e educação.
A ONG atua em 150 comunidades ribeirinhas que habitam nas margens do rio Tapajós, que margeia os municípios de Santarém, Aveiro e Belterra no Estado do Pará, totalizando aproximadamente cerca de 30 mil pessoas, que recebem atendimento médico e odontológico. Para saber mais sobre o Projeto, clique aqui ou acesse o site do PSA.

3 – Piraí Digital (Estado do Rio de Janeiro)
“O objetivo do programa “Piraí – Município Digital” é a democratização do acesso aos meios de informatização e comunicação com o intuito de gerar oportunidades de desenvolvimento econômico e social. Assume-se, como pressuposto, a visão estratégica de uma sociedade de informação local, na qual o cidadão se torna o principal ator na produção, gestão e usufruto dos benefícios das novas tecnologias de informação e comunicação” (SADAO, 2004). Para saber mais sobre o Programa clique aqui.

4 – Programa Gestão Pública e Cidadania – PGPC (Brasil)
Este programa é uma iniciativa da Fundação Getulio Vargas e Fundação Ford, com apoio do BNDES, e tem como objetivo “contribuir para enriquecer o conhecimento e estimular o debate e a reflexão crítica sobre os processos de transformação em andamento na gestão pública subnacional no Brasil, a partir da experiência concreta de governos inovadores” (Site do PGPC). No site desse programa é possível identificar Clique aqui!

Ações públicas contextualizadas podem ser muito úteis para aproximar sociedade civil e governo em prol de uma vida melhor para todos os cidadãos.
Que 2008 seja um ano de muitas inovações para a sociedade brasileira e mundial!