Que maravilha! Finalmente fazemos parte de um grupo seleto de países com alto grau de desenvolvimento humano, segundo pesquisa feita pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e divulgada nesta terça (27/11) em Brasília. Agora somos o 70º lugar no ranking do IDH!
Hoje somos vizinhos de desenvolvimento da Islândia (1º), Noruega (2º), EUA (12º), Argentina (38º), Chile (40º), Cuba (51º), México (52º) e Trinidad Tobago (59º). Mas o que isso significa na realidade?
Bem, tudo parece ter vários lados, mas nesse caso vamos pensar em apenas dois: o de quem não mora no Brasil e o de quem mora aqui.
Para quem não mora no Brasil isso parece ser bom, porque não somos mais o país somente do futebol, das bundas e das mulheres bonitas. Agora somos o país do IDH alto, ou seja, um lugar que tem um sistema de saúde de primeiro mundo, uma educação inclusiva e um excelente padrão de vida. Para quem olha de fora, isso realmente parece ser muito bom, porque tais índices podem atrair investidores que podem gerar emprego e renda para o país.
Bem, decerto isso pode ocorrer. Entretanto, chamamos a atenção para quem mora no Brasil. Vejamos, por exemplo, a questão da geração de emprego e renda. No primeiro caso, cada vez mais precisamos de pessoas
mais bem capacitadas para trabalhar em um mercado mais competitivo e exigente; porém, perguntamo-nos: apesar do IDH brasileiro ter aumentado, nosso sistema educacional proporciona qualidade para que nossos jovens sejam capazes de acompanhá-lo?
E a renda? O IDH sobe, mas a renda parece ficar mais concentrada, pois quando desempacotamos (desagregamos ou olhamos dados internos referentes à pobreza no Brasil) ou conversamos com pessoas nas favelas, nas periferias, nas palafitas ou na maioria dos lugares desse país onde a pobreza impera, esse Índice de Desenvolvimento Humano parece não fazer sentido algum. Alguns argumentam e dizem que temos que ter paciência porque esse é um investimento de médio e longo prazo.
Mas, e as pessoas que nesse exato momento sofrem com a violência, com a miséria, com a fome, entre outras mazelas que
esse índice não mostra? O que fazer com elas? Não podemos ser insensíveis e querer jogar milhões de brasileiros para debaixo do tapete como se fossem poeira, pois não o são!!! Essa maioria esquecida e invisível aos olhos dos índices são seres humanos iguais à minoria desse país que concentra e abocanha a maior parte da renda.
Mudar as estatísticas para melhorar os índices não parece ser uma boa saída para melhorar a vida das pessoas. Talvez melhore a vida dos técnicos e acadêmicos bitolados em números, que se agarram neles como se fossem a solução para a vida das pessoas, o que, de fato, não o é!
Para finalizar, acho importante citar uma frase de uma Agente Comunitária de Saúde ao saber que o IDH brasileiro melhorou: “O que é IDH?”. E então, quem se propõe a responder?
Na prática, veja o vídeo abaixo que ela faz para tentar melhorar a vida das pessoas!
Muitos dirão que é assistencialismos, etc. e tal, mas e o que você está fazendo para que o IDH reflita uma realidade melhor?