quarta-feira, 24 de junho de 2009

A crise do Garrafeiro

Hoje inauguramos uma série de Posts sobre a Crise. Acompanhe, critique e escreva para o BLOG!

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Por Henrique Heidtmann Neto (Este post contou com a ajuda e reflexão crítica de Fábio Storino, que não é garrafeiro).

Atualmente muitas pessoas ligadas à política, à mídia e a outros campos de atuação vêm noticiando que a crise está passando e, de certa forma, corroborando que realmente foi uma “marola”. Porém, antes de tudo vale perguntar de qual crise estamos falando?

Seriamente estamos falando de uma crise cíclica ligada diretamente aos mercados financeiros. Bem, se olharmos a história recente, em 1929 tivemos a primeira delas, o que levou muitas nações a uma derrocada jamais imaginada. Entre a crise de 1929 e a atual tivemos outras crises dentro deste contexto, mas com um ciclo previsível de queda e reparação, independente dos impactos. Em suma, já sabemos que um dia esse tipo de crise vai ocorrer novamente!

Por outro lado, temos outra crise que não é cíclica e antecede a primeira de 1929 e que penaliza a maioria da população mundial, qual seja: a crise social. Esta semana fui andar em um bairro de uma grande cidade da Amazônia, que fica aos arredores de uma universidade pública. Parei pra tomar um cafezinho em uma padaria, paguei a conta e, ao sair, encontrei um homem, de bermuda, sem calçado e sem camisa (em função do sol forte, talvez) empurrando um carrinho cheio de garrafas com um mastro pendurando vários sacos com algodão doce. Aquele homem troca algodão doce por garrafa. Na Amazônia as pessoas o chamam de Garrafeiro, uma ocupação comum na periferia.

Aproximei-me dele, falei um “bom dia” e logo de imediato puxei assunto perguntando pra ele sobre a crise. “E a crise?” Sabe a resposta? “Qual crise? A da televisão ou a que eu vivo todo dia?” Como uma pessoa muito simpática que era ele continuei a conversa e ele, resumidamente me disse: “pra encurtar a conversa: eu vou no posto e o médico que devia chegar as 7h só chega meio-dia! Eu vou pro pronto-socorro e não tem lugar pra ser atendido! Na escola não tem carteira pro meu filho sentar!”

Eu preciso dizer mais alguma coisa? Bem, acho que a crise do Garrafeiro nunca passou!

4 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro Henrique, enquanto vejo, no pelego Jornal Nacional, notícia de cheias em Manaus (e pessoas em desgraça), lembrando de meu cansativo dia como professora de ensino médio (e pessoas em desgraça), paro aqui para corroborar suas observações... Tem mais crises no mundo do garrafeiro do que sonha a nossa vã percepção... Ainda vou provar minha teoria sobre mundos paralelos!

Buenas noches

Unknown disse...

Sem contar que na crise dos ricos banqueiros, a consequencia é que eles vão ficar menos ricos, um problema para o capitalismo. Na crise do garrafeiro temos outros problemas. Para quem está no meio das duas crises, como reconhecer qual o problema mais grave?

Leila disse...

Crise...Crise...
Bem todos somos vitimas desse cenario seja interno ou interno e todos vemos a situação brasileira do ângulo dos nossos bolsos, da nossa zona de conforto e do melhor se apresenta em nosso mundo figurativo, isto é, a crise é percebida e sentida de acordo com a percepção e o conhecimento de quem a vê, sendo uma alavanca para quem observa mas que uma "marolinha" e sim uma oportunidade de cresciemnto- empreendedores!

Maria disse...

Realmente falar em crise entre os bancos é algo assustador, mas existe grande preocupação do governo em solucionar o problema, enquanto outras crises enfrentadas no mundo passam despercebidamente, quase sem importância como a crise na saúde, nas escolas e etc... A crise do garrafeiro é a crise mais comum que existe nos dias de hoje, e que não há ação para combatê-la.