sexta-feira, 24 de julho de 2009

O vendedor ambulante e o garrafeiro: crises diferentes?

Recentemente tivemos a oportunidade de visitar um pequeno município no litoral brasileiro, na região Norte, com lindas praias e com uma população estimada em 37.000 habitantes (IBGE, 2007). Em períodos de férias, como o mês de julho, por exemplo, sua população sazonal chega a aproximadamente 50.000 habitantes, ou seja, uma verdadeira turbulência econômica local por temporada.

A população local parece habituada com isso e para parte significativa dela tal acontecimento é motivo de comemoração, porque há um real incremento na

renda familiar de muitos, tanto por meio das atividades do mercado formal, quanto do informal, como lembra dona Vânia, moradora do bairro do Barreiro: “Esses meses de feriado já ajudou muito a gente. Ajudou a levantar minha casa, graças a Deus”. Porém isso não é uma característica somente de Salinópolis (PA-BR), pois tal “fenômeno” ocorre em tantos outros lugares no Brasil e no mundo que, com certeza, guardam suas belezas e peculiaridades econômicas e sociais.

Ao andar pela orla incrementada deste município encontrei um vendedor ambulante parado, protegendo-se dos raios do sol, vendendo água, refrigerante e cerveja. Logo pedi uma água pra refrescar-me do calor de aproximadamente 38º e perguntei como andavam as vendas. Com um olhar preocupado ele disse:


Tem menos gente que no ano passado e tô vendendomenos também. Tá pegando! Essa crise pegou o pessoal que tem grana e que vem pra cá. Como eles não tão gastando eu num tô ganhando. Tomara que ela passe logo, porque daí melhora pra todo mundo daqui, né?”.

Sendo assim, é interessante pensar que os impactos da crise não podem ser generalizados para todos os lugares como querem alguns setores da mídia, mas podem ser relacionados com diversas situações. Ao observar a reação do Garrafeiro (último post de nosso BLOG), que se encontra praticamente no mesmo patamar financeiro que o ambulante, as suas convicções e idéias quanto à crise parecem ser distintas. Isso pode ser reflexo de vários aspectos, dentre eles os lugares e as situações que vivem, a atuação de seus governos locais, sua relação com a família, entre outras coisas.

Bem, parece então que, o que é possível generalizar nessas conversas, seria a não generalização dos efeitos da crise que pode nos mostrar várias facetas da sociedade em que vivemos e a reação das pessoas que a compõem como, no caso do Garrafeiro e do Vendedor Ambulante. Mas, fica a pergunta para o leitor que nos acompanha: o que seria possível generalizar em ambos os casos? o que teriam em comum? em que medida há responsabilidade do Estado (Executivo, Legislátivo e Juduciário) para ambos os casos? outras perguntas...

Boa reflexão para os comentários!

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