Por Sergio Luiz de Moraes Pinto*
(O autor na ilha paradisíaca do Caribe citada no texto)
Quando se fala em desigualdade de distribuição de renda, o primeiro pensamento que nos vem é de um milionário, usando um relógio Rolex, tomando champanhe francês, em contraposição a uma mulher maltrapilha com filhos subnutridos em redor. Se você imaginou o primeiro como sendo um homem branco de meia idade e a segunda, jovem e negra, as pesquisas do IBGE dizem que você acertou.
Mas será a desigualdade tão ruim quanto pensamos? Vou discutir este tema em dois artigos,imaginando diferentes paises, que não nomeio para evitar celeumas apaixonadas que desviariam o debate do tema principal. Mas, qualquer semelhança com paises reais não é mera coincidência. Primeiro, vamos imaginar uma sociedade com pouquíssima desigualdade. Para dourar mais seu sonho, coloque este país em uma paradisíaca ilha do Caribe. As diferenças salariais são muito pequenas, e tanto o médico, o engenheiro e o pesquisador universitário, quanto o faxineiro, o operário e o cortador de cana recebem aproximadamente o mesmo salário, por volta de US$ 25 mensais. É isto mesmo, menos de R$ 50,00 por mês. Todos moram em casas semelhantes, que pertencem ao Estado, para o qual pagam um aluguel entre 1 e 2 dólares mensais. O Estado também propicia educação e assistência médica de boa qualidade para todos. Mais do que isso, o Estado subsidia uma cesta básica para cada família (por US$ 3,00) e o transporte.
Qual o resultado da satisfação obtida pelos trabalhadores deste país, todos bem educados, com uma assistência médica de primeira, moradia, alimentação garantida, e uma excelente distribuição de renda? Uma produtividade no trabalho péssima e uma economia extremamente ineficiente.Ok, vocês vão falar que peguei um país que, antes da implantação do regime político que buscou a maior igualdade possível, já era pobre. E se imaginarmos uma outra sociedade, ricao, onde todos os habitantes são loiros, altos e de olhos claros, como deuses nórdicos? Um welfare state quase perfeito, no qual até os espantalhos dos campos onde se plantam os cereais para fazer aquavit, a cachaça dos povos nórdicos, são bonitos e bem tratados.
No próximo artigo, analisarei se a igualdade é realmente desejada em uma terra de formigas e cigarras, tentando descobrir se o diabo, com ou sem charuto, é feio mesmo, ou apenas pintado como tal.
.
O autor é Doutor em Administração Pública e Governo, na área de Finanças Públicas, pela FGV, Mestre em Administração pela FEA-USP, não tem Rolex e nem troca a cachacinha de Januária pelo champanhe Francês.
Um comentário:
A economia capitalista não permite um mundo tão cheio de igualdades. Temos que aprender a viver com as diferenças e, no mínimo, demonstrar preocupação em fazer algo para amenizar seu lado nefasto.
Apoena Augusto
http://apoenaaugusto.glog.terra.com.br
Postar um comentário